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Conectividade na indústria: protocolos de comunicação de CLP

Controladores Lógicos Programáveis (CLPs), concebidos nos anos 60 nos EUA para substituir sistemas de controle eletromecânicos complexos, então predominantes na indústria automotiva, emergiram como solução disruptiva. A General Motors liderou sua adoção, visando agilidade e robustez operacional. O Modicon 084 inaugurou a era comercial, permitindo a reconfiguração lógica via software, eliminando intervenções físicas. Desde então, a contínua evolução de hardware e software consolidou os CLPs como elementos essenciais na automação industrial contemporânea.

A programabilidade define a capacidade central dos CLPs, proporcionando adaptabilidade dinâmica por meio de lógica customizada em software. Sua arquitetura robusta integra uma CPU de alta performance para processamento veloz de tarefas complexas, módulos de E/S para aquisição de dados concorrente e controle preciso de periféricos, fontes de alimentação resilientes para operação ininterrupta e interfaces de comunicação versáteis para integração sistêmica e escalabilidade.

A heterogeneidade de protocolos em plantas industriais deriva da evolução tecnológica e da proliferação de máquinas especializadas. Padrões como OPC-UA e MQTT, superiores em flexibilidade e integração a sistemas legados como Modbus e RS232, ganharam adoção. A especialização de maquinário introduziu protocolos otimizados, a exemplo do Fanuc CNC, e proprietários, como o Mitsubishi Melsec. Essa coexistência de protocolos distintos em um mesmo ambiente produtivo ressalta a necessidade de interoperabilidade.

A flexibilidade comunicacional oferece vantagens estratégicas cruciais: interoperabilidade irrestrita na seleção de equipamentos; escalabilidade facilitada pela adição de novos dispositivos com mínima reconfiguração; adaptabilidade ágil a tecnologias emergentes e IoT; integração fluida com sistemas corporativos (como Historian) para otimização operacional; e robustez da segurança mediante protocolos avançados que asseguram a integridade e proteção dos dados industriais. Em suma, a capacidade de comunicação multi-protocolo é fundamental para a eficiência, escalabilidade e segurança das operações fabris modernas.

Connectivity protocols
Copyright: ST-One

Comunicação entre maquinário industrial e CLP

Protocolos de comunicação viabilizam a conexão dos CLPs a diversos dispositivos e sistemas, como atuadores, IHMs e outros CLPs. Eles operam como um conjunto de regras que normatizam a transmissão e recepção de dados entre os elementos. O fluxo dessa comunicação compreende as seguintes etapas:

  • Seleção do Protocolo: Inicialmente, define-se o protocolo de comunicação adequado à aplicação. Modbus, Profibus e Ethernet/IP são exemplos comuns.
  • Configuração do CLP: O CLP é configurado para empregar o protocolo selecionado, o que pode envolver a instalação de módulos de comunicação específicos e a parametrização via software.
  • Aquisição de Dados Sensoriais: O CLP coleta dados de sensores e dispositivos de entrada conectados, abrangendo informações como temperatura, pressão e posição.
  • Processamento de Dados: A CPU do CLP processa os dados conforme o programa residente, tomando decisões baseadas na lógica de controle definida.
  • Formatação de Dados: Os dados processados são formatados em conformidade com as especificações do protocolo de comunicação, assegurando a inteligibilidade para outros dispositivos na rede.
  • Transmissão de Dados: Os dados são transmitidos pelo módulo de comunicação do CLP à rede ou diretamente a outros dispositivos. Em redes Ethernet, por exemplo, podem ser enviados a um servidor SCADA ou sistema Historian.
  • Recepção de Comandos: O CLP também recebe comandos de outros dispositivos ou sistemas de controle, instruindo-o a alterar a lógica, ajustar parâmetros ou executar ações específicas.
  • Atualização de Estados: O CLP atualiza seus estados internos e os dos dispositivos conectados com base nos feedbacks recebidos.

Integração de dados entre diferentes áreas em uma indústria

Cada setor industrial adota modelos de CLPs específicos, selecionados por ambiente, complexidade e custo. Os protocolos de comunicação mais comuns por setor incluem:

  • Automotivo: CANopen, devido à baixa latência e alta confiabilidade para controle em tempo real; e DeviceNet, baseado em CAN para interconexão de dispositivos em sistemas de controle de máquinas.
  • Alimentício: Ethernet/IP, que oferece comunicação rápida e eficiente essencial para processos de alta velocidade de dados; e Profinet, utilizado para comunicação em tempo real, garantindo sincronização precisa de processos críticos.
  • Química: Profibus, aplicado em controle de plantas químicas por sua robustez e resiliência a ambientes agressivos e interferências; e Modbus, ideal para comunicação simples e robusta entre sensores e controladores industriais.
  • Farmacêutico: Modbus, empregado na comunicação entre equipamentos de laboratório e sistemas de controle de processos; e Ethernet/IP, que permite a integração de sistemas de controle e monitoramento em tempo real, crucial para qualidade e conformidade.
  • Papel e Celulose: Profinet, fundamental para a sincronização em tempo real dos processos de produção; e Profibus, cuja robustez é adequada para ambientes industriais desafiadores.

Considerando um cenário fabril complexo, como na indústria automotiva com suas linhas de produção intrincadas e múltiplos sistemas de controle, a coexistência de diversos protocolos de comunicação é comum. Robôs de montagem podem operar via EtherCAT, sensores de temperatura e pressão via Modbus, controladores de motores via CAN, e sistemas de inspeção de qualidade via Profibus.

Nesse contexto, torna-se essencial a implementação de uma solução capaz de suportar múltiplos protocolos. Esse dispositivo centraliza a coleta de dados em tempo real de todas as máquinas, independentemente do protocolo nativo. Os dados unificados são então direcionados a um sistema de gerenciamento de produção, proporcionando uma visão holística da linha produtiva.

Essa integração possibilita a identificação proativa de problemas, como desvios de temperatura ou falhas robóticas. A fábrica, munida de dados centralizados e analisados, pode implementar ações corretivas precisas, como ajustes em controladores de motores e manutenção preditiva.

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Importância da compatibilidade com diversos protocolos

Os diversos protocolos de comunicação industriais possibilitam a conexão e comunicação dos CLPs com sensores, Interfaces Homem-Máquina (IHMs) e outros dispositivos, sendo fundamental para a integração e interoperabilidade de sistemas de automação.

Essa conectividade é crucial, pois a leitura dos dados gerados pelo maquinário revela insights valiosos para a operação industrial. Além do monitoramento em tempo real da produção, essencial para análises de desempenho e produtividade, o armazenamento do histórico de dados é igualmente indispensável. Essa visibilidade possibilita:

  • Otimização da Eficiência Operacional: Acesso a dados permite melhor uso de recursos, redução de inatividade e aumento da produtividade.
  • Implementação de Manutenção Preditiva: Ajuda a evitar paradas não planejadas, reduzir custos de reparo e aumentar a vida útil dos equipamentos.
  • Elevação da Qualidade do Produto: Reduz a quantidade de produtos defeituosos e melhora a satisfação do cliente.
  • Diminuição de Custos: Análise de dados coletados auxilia na identificação de áreas para otimização (energia, matéria-prima).
  • Aprimoramento da Tomada de Decisão: Melhora a capacidade de resposta a variações operacionais.

A tendência futura aponta para a crescente adoção de protocolos Ethernet, devido à sua alta velocidade e comunicação simultânea. Integrado a soluções IoT, que permitem armazenamento escalável de dados em nuvem, esse cenário tecnológico deve impulsionar a eficiência, a segurança e a agilidade na adaptação operacional nos próximos anos.

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