A integração da Cibersegurança e IoT (Internet of Things) nas indústrias é a principal responsável por criar os sistemas ciberfísicos. Eles são formados pela combinação de estruturas físicas integradas em rede, com componentes cibernéticos, sensores e atuadores. Esses elementos interagem em um ciclo de monitoramento de processos, fornecendo informações para embasar intervenções humanas que afetam o funcionamento de determinada máquina ou sistema.
A crescente preocupação com a cibersegurança está diretamente relacionada à evolução tecnológica e à integração de sistemas IoT na indústria. Isso porque a combinação desses itens amplia a superfície de ataque para cibercriminosos, abrindo margem para que empresas sejam atacadas.
Os ataques cibernéticos, presentes nos sistemas gerenciados por softwares, estão mais sofisticados desde seu surgimento, o que impulsiona a área de Cyber Physical Security (CPS). A cibersegurança tem como objetivo proteger sistemas de computador, aplicações, dispositivos e dados contra ransomwares e outros malwares, golpes de phishing, roubo de dados, entre outras ameaças.
De acordo com Sheilla Valverde, mestre em engenharia informática, segurança da informação e mecanismos de detecção de intrusão pela UFP (Universidade Fernando Pessoa) e Pós-Graduada em Criptografia e Segurança de Redes pela Universidade Federal Fluminense, “para garantir a segurança, é preciso pensar em uma estratégia que cubra as sete camadas cibernéticas. Isso engloba o mundo digital e físico”, são elas:
- Camada física: protege a infraestrutura contra acessos não autorizados e danos físicos;
- Camada de rede: foca na segurança das comunicações em rede, utilizando firewalls e VPNs;
- Camada de perímetro: proteção de fronteiras de rede, impedindo ameaçadas externas;
- Camada de Endpoint: protege dispositivos finais contra malwares e outras ameaças;
- Camada de aplicação: utiliza práticas de desenvolvimento seguro, teste de penetração e monitoramento contínuo;
- Camada de dados: proteção dos dados armazenados e em trânsito, utilizando criptografia e controle de acessos;
- Camada humana: inclui treinamento e conscientização dos usuários;
“A proteção começa na física e termina na camada de aplicação, sendo que cada uma delas pode sofrer um ataque diferente. Então, a segurança começa na estrutura física da empresa até a execução das tarefas.” — Sheilla Valverde, pós-graduada em Criptografia e Segurança de redes.
Panorama da Cibersegurança e IoT na indústria
Soluções inovadoras de IoT estão ganhando cada vez mais força dentro de fábricas e plantas industriais, contribuindo na busca de melhorias operacionais. Apesar dos incontáveis benefícios, a adesão dessas tecnologias não está acontecendo na velocidade esperada pelo mercado. Isso é influenciado por possíveis problemas de segurança que podem ocorrer caso não há o cuidado adequado.
As indústrias buscam conectar todas as áreas de manufatura para obter uma melhora de performance. Entretanto, nesse processo, é possível encontrar linhas que utilizam tecnologias mais antigas, resultando em uma falta de padrões. Assim, ao implementar sistemas IoT, pode-se encontrar dificuldades para manter a cibersegurança de ponta a ponta.
Para resolver a questão de difícil integração dos sistemas legados com novas tecnologias, um estudo da McKinsey (2017) sugere a implementação de novas soluções. Elas podem se basear no uso de redes isoladas, que funcionam de forma independente, ou através de sensores redundantes, que assumem o controle em caso de falhas.
Motivadas por esses desafios, muitas indústrias estão desenvolvendo internamente suas próprias soluções, visando um monitoramento integrado mesmo com sistemas legados. Entretanto, é importante considerar que esse é um processo que requer um alto nível de especialização, conhecimento em segurança e manutenção contínua para gerar valor. Muitas vezes, a dificuldade para incluir ferramentas focadas em cibersegurança se deve ao aumento de custo das soluções.
Para mudar esse cenário, quando um IoT é desenvolvido deve-se focar em aplicações de segurança robustas para garantir a transmissão de dados sem ataques, independentemente da maturidade tecnológica. Desse modo, tem-se a integração entre sistemas sem comprometer a segurança.
“Pensar em indústria é pensar em cibersegurança e privacidade. É garantir o bom funcionamento da operação, sem erros e vazamentos.” — Sheilla Valverde, pós-graduada em Criptografia e Segurança de redes

Da Camada ao Código: Integrando Cibersegurança à Arquitetura de IoT
A adoção de IoT na indústria evoluiu de aplicações pontuais para ambientes altamente conectados, impulsionando a digitalização das fábricas. No entanto, o pleno aproveitamento dessa tecnologia depende da integração com a cibersegurança desde o design até a implementação. Segundo a McKinsey (2023), essa convergência é essencial para acelerar a adesão ao IoT de forma segura e inteligente.
Os principais desafios incluem interoperabilidade, complexidade e vulnerabilidades, especialmente em softwares de aplicação e interfaces homem-máquina. Com o aumento da interconectividade entre TI e sistemas operacionais, cresce a necessidade de ambientes ciberfísicos seguros, baseados em autenticação, confidencialidade, integridade e resiliência.
Empresas estão dispostas a investir 20% a 40% mais em soluções IoT seguras, o que pode levar o mercado a alcançar US$ 500 bilhões até 2030. Assim, a cibersegurança deixa de ser um diferencial e se torna condição fundamental para viabilizar soluções mais integradas, protegidas e preparadas para o futuro industrial.
Ainda segundo a McKinsey (2023), a convergência entre IoT e cibersegurança deve ocorrer em três níveis: arquitetônico, design paralelo e software. Na camada arquitetônica, recomenda-se incorporar códigos seguros em todas as camadas tecnológicas, desde o hardware ao firmware.
No design paralelo, adota-se o princípio de privacy by design, assegurando proteção desde a plataforma até a nuvem. Já no nível de software, soluções integradas devem proteger o ecossistema como um todo. Para mitigar riscos no ambiente de IIoT, destacam-se práticas como autenticação multifatorial e controle de acesso baseado em funções, uso de criptografia, atualização contínua de firmware e software com patches de segurança, monitoramento em tempo real com detecção de intrusões, proteção contra ataques DDoS com firewalls e limitação de tráfego, além da conformidade com normas como a LGPD e o IoT Cybersecurity Improvement Act.
Essas medidas são fundamentais para garantir operações seguras, resilientes e alinhadas às exigências regulatórias.

Convergência entre Cibersegurança e IoT: Estrutura e Oportunidades
Para empresas desenvolvedoras de tecnologias IoT, além da conformidade regulatória, é possível buscar padrões de conformidade voluntários para reforçar ainda mais a cibersegurança. Um exemplo é a SOC 2, desenvolvido pelo American Institute of Certified Public Accountants (AICPA). Embora não seja obrigatório, a adesão à SOC2 demonstra que os responsáveis possuem controles internos adequados para segurança, disponibilidade, integridade de processamento, confidenciabilidade e privacidade. Isso configura um diferencial competitivo importante, os certificados pela SOC 2 devem estar sempre atualizados e adaptando suas práticas de acordo com a evolução tecnológica.
Além disso, esse tipo de certificação garante a conformidade com padrões internacionais, indicando robustez para atender indústrias de diversos setores em escala. Do mesmo modo, é preciso uma expertise interna para entender e implementar os requisitos de conformidade, que são complexos. Esse conhecimento evita falhas na implementação e na manutenção desses padrões.
No contexto de provedores de tecnologia IoT, possuir essas certificações significa oferecer um serviço que reduz riscos e aumenta a eficiência operacional. Para as indústrias, é essencial, pois garante a privacidade de dados sensíveis e fortalece uma cultura de segurança.
“Para prover soluções IoT, é preciso que quem as produza se conscientize da importância da segurança, e, principalmente, que já cresça e se desenvolva com políticas de segurança bem estabelecidas. A partir disso, é possível enxergar os próximos passos, identificar o que precisa melhorar, é um processo de melhoria contínua.” — Sheilla Valverde, pós-graduada em Criptografia e Segurança de redes.
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